terça-feira, 8 de março de 2011

Oração de São Franciso

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Amar era tão infinitamente melhor

“Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos”.
* Lya Luft *

Saudades de quem se foi, hoje, um pouco mais doído que antes.
Vó, Sacha e Jade, onde quer que estejam, amo-as mais do que nunca, sinto-as mas não as vejo, e isso me deixa com os olhos cheios de lágrimas. Coração apertado.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Saudades da Sacha

Minha companheira fiel não está mais comigo, foi cuidar da minha vózinha lá céu. É esse o pensamento que me conforta no momento. Perdi minha gatinha persa de 7 anos, a Sacha.
A Sacha apareceu pra mim com uns 3 meses de idade, a dona dela tinha um gatil, e na época deixou a Sacha pra doação na clínica veterinária de uma amiga minha, a Raquel. Raquel sabia que eu estava procurando um gatinho pra mim, e assim que a Sacha apareceu, ela me ligou correndo e lá fui eu buscá-la. A Raquel me contou que a dona não queria mais ela, por ter um problema genético, mas na época não me liguei em saber mais do problema, porque não era nada aparente, físico. E apaguei essa informação da minha memória.

Toda arredia, desconfiada, medrosa. Eu já tinha o Bóris e a adaptação dela em casa foi difícil, mas nada que duas semanas de muita dedicação e amor não superassem. Em 2 semanas os dois já se amavam de paixão, hahaha. Brincavam muito. O Bóris sempre foi o levado, ela sempre foi a calminha e amorosa. Era muito apegada a mim, e eu a ela.

Sempre que podia se jogava no meu colo, me ajudava nos estudos deitando em cima dos livros, em cima do notebook, enfim, era minha parceira amigona. E foi assim até o fim. Eu não percebi os sintomas da doença. Faz 5 dias que ela morreu e a vet me ligou pra contar o motivo de tão rápida morte. Ela estava com Doença do Rim Policístico (PKD) uma doença genética, sem cura. Agora eu entendi o porque que a dona de um gatil de persas literalmente deixou a Sacha pra doação. Porque o gato que tem essa doença não serve pra mais nada. Como assim pra mais nada????? Ela fez muita coisa por mim
nesses 7 anos! Ela jogou a Sacha fora, literalmente, e eu fui muito feliz por ela ter feito isso. A Sacha só apresentou os sintomas neste ano, mas até então, era uma gata normal como qualquer outro bichinho. Mas pra dona do gatil, a Sacha estava condenada, gatos com essa doença genética não podem procriar, então, era prejuízo pra ela. A Sacha era um doce e me fez muito feliz, até os últimos dias da vida dela.

Eu estava me culpando por não ter visto os sinais da doença, interpretei de outra forma o que ela tava tentando me mostrar: ela estava urinando em qualquer lugar da casa, e bebia muita água. As vezes dormia do lado do potinho, e dava mais atenção ao pote de água, do que o de comida. Mas ela comia normalmente. Eu a via comendo, mas não percebia se ela comia suficiente. Uma semana antes dela morrer, eu dei um sache de wiskas pra ela e vi que ela não comeu tudo, como sempre acontecia. Mas não dei bola, achei que pudesse estar satisfeita mesmo. Mas a vet me disse que ela estava com aftas na boca, e que comer machucava. Esse negócio da urina pela casa, eu cheguei a pensar que fosse pra chamar a atenção, pois eu havia pego uma outra gata persa a pouco mais de um ano, e elas nunca se deram muito bem. Ela emagreceu muito também, mas não percebi por causa dos pelos abundantes. Foi levando-a num banho que a vet viu que ela estava com fungos na pele e abaixo do peso normal. Não deu tempo pra iniciarmos um tratamento, infelizmente.

Agora posso me conformar que fiz tudo o possível, o que estava ao meu alcance pra tornar a vida dela melhor do que ela poderia ter tido naquele gatil. Eu a amei, como se ela fosse viver pra sempre, sem restrições, sem preconceito, um amor verdadeiro, incondicional me dediquei a ela e ela a mim. Sem cobranças, a gente apenas se amava. Como o amor deve mesmo ser. Hoje ela tá lá no céu, cuidando da minha vó, com certeza.

Estou triste sim, pois ela foi retirada bruscamente da minha vida. E a gente nunca está preparado pra isso. Embora eu saiba que a única certeza nessa vida, é que um dia nós vamos morrer...
Mas entendo que cumpri minha missão, amei e continuarei amando-a dentro do meu coração e em minha memória, embora hoje seja mais difícil de conviver com a ausência dela em casa.
E como a bichinha faz falta, ô!!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Tempo

Me identifiquei muito com este texto do meu colega Fernando Palermo
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Tempo para ler. Tempo para viajar. Tempo para pensar. Tempo para escrever. Preciso de tempo para conferir as horas e ver que estou quase atrasado. Preciso de tempo pra sair correndo. Tempo pra conferir a previsão do tempo. Tempo pra sair a tempo.

E a pressa é tanta que já não escrevo mais o "para" e passo a usar a contração. Gasto menos tempo com uma letra a menos. A pressa é tanta que os dias passaram a durar 20 horas até virar o amanhã.

Vivo com pressa. Pressa pra aproveitar o tempo. O tempo que não tenho. O tempo que busco, persigo, mas nunca chego a tempo de pegá-lo e pará-lo. É sempre assim, o tempo não pára. Corre. Voa.

Falando nisso, vou correr. Atrás dele. Será que ainda dá tempo?
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Uma coisa é certa, o tempo não volta atrás, só nos resta fazer melhor, o que foi feito errado anteriormente.
A vida nos dá essa oportunidade, mas às vezes, as pessoas não.
As pessoas passam, e a vida continua.... corrida, sem tempo, ou muito tempo, cabe-nos administrar da melhor forma que podemos, e que conseguimos, ou que queremos. O tempo é o senhor da razão também, e o tempo vai mostrar a verdade.
Obrigada Palermo pelo seu tempo!!! Tirei um tempo pra pensar no tempo.

Pra finalizar com duas musiquinhas sobre o tempo:
Tempos Modernos - Lulu Santos
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há prá viver
Vamos nos permitir...

Sobre o tempo - Patu Fu
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio

Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã

Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai

Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Miss imperfeição

(Texto na Revista do Jornal O Globo)

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que se lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

Martha Medeiros - Jornalista e escritora